O Evangelho Segundo o Espiritismo – Estudo dos dias 26 e 27 mar 25
O que é preciso entender por pobres de espírito – Capítulo VII, itens 1 e 2
“Jesus coloca a humildade entre as virtudes que nos aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios que dele nos afastam”
- Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus (Mateus, V:3)
- A incredulidade se diverte com esta máxima: Bem-aventurados os pobres de espírito, como com muitas outras coisas que não compreende. Entretanto, Jesus não se refere aos pobres de espírito como a homens desprovidos de inteligência, mas aos humildes. Ele diz que o Reino dos Céus é destes e não dos orgulhosos
Os cientistas e intelectuais, segundo o mundo, têm geralmente tão elevada opinião de si mesmos e de sua superioridade, que consideram as coisas divinas como indignas de sua atenção. Concentrados sobre eles mesmos, não podem elevar-se até Deus. Essa tendência a se acreditarem superiores a tudo leva-os, muitas vezes, a negar aquele que, sendo-lhes superior, pudesse rebaixá-los. Negam até mesmo a divindade ou, se consentem em admiti-la, contestam um de seus mais belos atributos: a ação providencial sobre as coisas deste mundo, persuadidos de que são suficientes para bem governá-lo. Tomando sua inteligência por medida da inteligência universal, e julgando-se aptos a tudo compreender, não podem crer na possibilidade daquilo que não compreendem. Quando se pronunciam sobre alguma coisa, seu julgamento é para eles inapelável
Se não admitem o mundo invisível e um poder extra-humano, não é porque isso esteja acima de sua capacidade, mas porque seu orgulho se revolta ante a ideia de algo a que não possam sobrepor-se e que os faria descer de seu pedestal. Eis porque só têm sorrisos de desdém por tudo o que não seja deste mundo visível e tangível. Atribuem-se muita inteligência e conhecimento para crer em coisas que, segundo eles, são boas para os simples, considerando como pobres de espírito os que as levam a sério
Entretanto, digam o que quiserem a esse respeito, terão de entrar, como os outros, neste mundo invisível que tanto ironizam. É assim que seus olhos serão abertos e reconhecerão o erro. Mas Deus, sendo justo, não pode receber da mesma maneira aquele que desconheceu seu poder e aquele que se submeteu humildemente a suas leis, nem tratá-los por igual
Ao dizer que o Reino dos Céus pertence aos simples, Jesus ensina que ninguém é admitido sem a simplicidade de coração e a humildade de espírito; que o ignorante que possui essas qualidades será preferido ao sábio que crê mais em si mesmo do que em Deus. Em qualquer circunstância, coloca a humildade entre as virtudes que nos aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios que dele nos afastam. Isso por muito natural razão: a humildade é ato de submissão a Deus, enquanto o orgulho é revolta contra Ele. Mais vale, então, para a felicidade futura do homem, ser pobre de espírito, em relação ao mundo, e rico em qualidades morais