Evangelho da Quarta e Quinta

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O Evangelho Segundo o Espiritismo – Estudo dos dias 21 e 22 mai 25
O egoísmo – capítulo XI, itens 11 e 12

“Se na Terra a caridade reinasse, o mal não imperaria nela…”

  1. O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral retarda. Ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la ascender na hierarquia dos mundos. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem. Digo coragem, porque dela muito mais necessita cada um para vencer a si mesmo, do que para vencer os outros. Que cada um, portanto, empregue todos os esforços a combatê-lo em si, certo de que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é o causador de todas as misérias do mundo terreno. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens

Jesus vos deu o exemplo da caridade e Pôncio Pilatos o do egoísmo, pois, quando o primeiro, o Justo, vai percorrer as santas estações de seu martírio, o outro lava as mãos, dizendo: Que me importa! Animou-se a dizer aos judeus: Este homem é justo, por que o quereis crucificar? E, entretanto, deixa que o conduzam ao suplício

É a esse antagonismo entre a caridade e o egoísmo, à invasão do coração humano por essa lepra que se deve atribuir o fato de não haver ainda o Cristianismo desempenhado por completo sua missão. Cabem a vós, novos apóstolos da fé, a quem os Espíritos superiores esclarecem, o encargo e o dever de extirpar esse mal, a fim de dar ao Cristianismo toda sua força e desobstruir o caminho dos pedrouços que lhe embaraçam a marcha. Expulsai da Terra o egoísmo para que ela possa subir na escala dos mundos, porque já é tempo de a Humanidade vestir seu traje viril, para o que cumpre que, primeiramente, o extirpeis de vossos corações. Emmanuel (Paris, 1861)

  1. Se os homens se amassem com mútuo amor, mais bem praticada seria a caridade; mas, para isso, seria preciso que vos esforçásseis por largar essa couraça que vos cobre os corações, a fim de serdes mais sensíveis aos sofrimentos alheios. A rigidez mata os bons sentimentos; o Cristo jamais se recusava; não repelia aquele que o buscava, fosse quem fosse: socorria, assim, a mulher adúltera, como o criminoso; nunca temeu que sua reputação sofresse por isso. Quando o tomareis por modelo de todas vossas ações? Se na Terra a caridade reinasse, o mal não imperaria nela; fugiria envergonhado; ocultar-se-ia, visto que em toda parte se acharia deslocado. O mal então desapareceria, ficai bem certos

Começai vós por dar o exemplo; sede caridosos para com todos indistintamente; esforçai-vos por não atentar nos que vos olham com desdém e deixai a Deus o encargo de fazer toda a justiça, a Deus que todos os dias separa, em seu reino, o joio do trigo

O egoísmo é a negação da caridade. Ora, sem a caridade não haverá descanso para a sociedade humana. Digo mais: não haverá segurança. Com o egoísmo e o orgulho, que andam de mãos dadas, a vida será sempre uma carreira em que vencerá o mais esperto, uma luta de interesses, em que se calcarão aos pés as mais santas afeições, em que nem sequer os sagrados laços da família merecerão respeito.
Pascal (Sens, 1862)